domingo, 29 de abril de 2012

Primeiro amor I - Nem tudo é salto alto.


Trabalho em uma escola e todos os dias vejo meninas dizendo que estão apaixonadas. Dez, onze anos, desenhando corações, cantarolando músicas românticas, escrevendo declarações de amor que provavelmente nunca serão lidas. Tendo seu primeiro amor. Claro, eu não gastaria meu tempo para falar daquelas meninas que estão grávidas com essa idade, pelo menos não nesse contexto, e sim como um protesto, talvez. Voltando aqui. Tendo seu primeiro amor. Eu mesma tive alguns primeiros amores. Pobre coração. (rs) Eu escrevia cartas para meninos que eles nunca leriam. Na maioria das vezes, minha mãe as achava antes mesmo de eu cogitar fazer algo com aquilo. Eram palavras, provavelmente com alguns erros de português (Quem com dez anos escreve impecavelmente certo? Sim, dez. Sempre fui meio precoce), mas que estavam cheias de sentimentos, escritas pela alma. Um amor inocente, sem beijo, sem abraços, um amor que faz de tudo para apenas estar por perto, e que quando está por perto, faz tudo errado. Uma vergonha atrás da outra, um mico mais engraçado. E a raiva daquela menina que ele dá confiança? E quando essa menina é uma amiga sua? Não tem como ter raiva, sua amiga não sabe o que você sente por ele. Só quem sabe é você e seus escritos. Esses escritos guardam a melhor fase da nossa vida, e o pior que quando passamos por ela, não sabemos disso. Nós, meninas, desejamos sempre crescer, ter seios maiores, bumbum maior, cabelo pintado e usar salto fino. Aí você cresce e descobre que quando se é grande a vida não é tão legal assim. Se você tiver seios fartos, não terá bumbum. Se tiver um bumbum razoável, não terá seios. Se, por um milagre, você tiver os dois, uma outra parte muito importante em você com certeza foi tirada e ter os dois é um 'prêmio de consolação', e se você não tiver os dois, saiba que isso acontece com a maioria. Quando você cresce, aprende que amor não dói de verdade. Você fica sem dormir por dias, quiçá, meses. Você chora por tudo, até se uma amiga sua diz que começou a namorar. Quando você, enfim, cresce, deseja voltar aos seus dez, onze, doze anos. Deseja aquele primeiro amor, puro.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

It would never have been a hole.

"Quando você para e percebe que o passado já passou e que agora não existe mais nada que remeta a ele. Quando você percebe que o passado fez questão de apagar você da memória. O momento em que você nota que tudo o que aconteceu foi simplesmente nada e nem lembra-se porque ainda recorda-se do tal número de celular." - Sábado, dia 14.
É, agora que estou excluída, agora que eliminou-me de sua vida, eu tenho mesmo que seguir em frente. É estranho, eu estava tão bem outro dia... E agora estou tentando reconstruir-me novamente. Estranho, estranho demais. Como se um novo buraco fosse criado, ou como se o buraco que antes era enorme, tivesse sido disfarçado com folhas, folhas trazidas, de longe, pela brisa do mundo real. Entretanto, quando alguém veio e pisou em cima, o buraco mostrou-se lá. Um tanto quanto menor, pois ainda tem as folhas que diminuem sua profundidade. Porém, não deixou de ser uma cavidade. O mesmo buraco, parecendo um novo buraco, querendo nunca ter sido um buraco. Não existe nada mais triste que um buraco.  
  

domingo, 8 de abril de 2012

Bater, xingar e assoprar.


Eu lembro dos nossos pegas com um sorrisos no rosto, era algo tão... natural. Não tinha compromisso, não tinha sentimento. Aliás, tinha sentimento, era bom, não era nada muito forte, era só amizade. Era tesão, mesmo, na mais pura definição da palavra, se é que existe pureza nela. Era tão... fofo.
Com a Renata é diferente, é sentimento mesmo, que nem chegou a ser um pequeno tempo com o outro, que nem foi com o V, eu acho. Não sei se V chegou a ser tão grande quanto o outro, não sei mesmo, mas vamos supor que sim. Com a Renata é algo mais, a pegação é complemento. Tem toda aquela magia de segurar na mão, apresentar para as pessoas, e olhar bem nu fundo dos olhos. Comigo era bater, xingar e assoprar.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Uma flor presa na porta

Deve ter um motivo para tudo em minha vida acontecer sempre tão rápido. Aprendi a ler e escrever rápido, com 3 anos. Entrei na primeira série rápido, com 5 anos. Entrei no Ensino Médio rápido, com 13 anos. Apaixonei-me perdida e enlouquecidamente rápido, com 14 anos. Sofri todas as vezes rápido, sempre com menos de seis meses. Cresci rápido, antes de atingir a maior idade. Deve ter um motivo para tanta rapidez. Deve ter uma casinha, que fosse necessário atravessar espinhos e cascas de bananas para chegar até ela, aguardando-me com um sorriso expresso na janela e uma flor presa na porta. Deve ter um jardim verde com um labrador com olhar bobão correndo em minha direção. Deve ter uma boca dando língua e uma bochecha com covinhas. Deve ter um motivo. Deve ter um belo motivo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Chorar por quem?


 
(*Flashback*)


- Sobe Pedro! Estou terminando de me arrumar.
- Ai caralho, nao adianta cara, você é feia de qualquer jeito.
- Nossa, muito engraçado.
- Boa noite, boa noite. - disse o jovem aos pais da menina. 

Ela terminou de se arrumar, de passar suas camadas de rímel, e foram a caminho da casa da Hagata, encontrá-la. No caminho, a menina tentava ligar para Victor, ele estava atrasado, e não dava nenhum sinal de vida. A Hagata terminou de embelezar-se e nada dele. Celular tocou. Era a mãe dela.
- Sua cabeça de vento, você esqueceu seu ingresso de novo. Toda vez agora é isso?
- Putz, obrigada mãe. Estou na Hagata, vou aí buscar.  

Conseguiu falar com o Victor. Disse que  chegaria de carro. E mais meia hora se passaram e nada. Pedro e Hagata um tanto quanto impacientes, queriam beber e estavam ali, esperando o pseudo macho dela. Estava triste, um pouco desesperada. Queria o Victor ali, esperaria ali por ele o tempo que fosse. Mas seus amigos não, eles estavam querendo ir. Victor ligou, disse que quem o traria dormiu, e não tinha como vir. Pensaram em algumas alternativas, mas sua culpa perante as duas pessoas a uns três metros de distância dela aumentava. Ela queria chorar, mas por que choraria? Por quem? Não, calma, respira.

(*Fim do flashback*)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Nove anos sem esfirras.

E quando eu paro e lembro que estou no mês de abril, no meu mês eu fico feliz. Em seguida, coisa de milésimos de segundos, lembro que foi o mês de sua despedida, lembro de sua alegria e do quanto você fez minha infância feliz. Lembro de todo o tempo que ficou tão distante, e de como você poderia ter reerguido sua vida. Hoje chamo-te de babaca, mas um babaca que estará em minha memória até o fim dos meus dias. Eu te amava, L. Eu te amo. Eu sinto falta de você me chamando de 'sem geladeira' quando eu batia com brutalidade a porta do carro. Eu sinto falta das esfirras. Eu sinto falta de como você fez parte da minha felicidade por anos. E depois de nove anos, sentindo esse vazio todos os anos perto do meu aniversário, eu tenho a certeza de que estará para sempre em mim. Em mente e em coração. 

domingo, 1 de abril de 2012

Uma noite de janeiro

Em uma noite dessas o frio fez-me por inteira
Seu abraço me faz falta.
O aconchego das suas mãos
trazem solidão.
O calor dos seus olhares, 
tão distante, deixa-me com frio.


(em trinta e um de janeiro)
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